26.1.05

Por que morreste?
Por que te fostes, para nunca mais voltar?
Agora tudo que tenho
é sua carcaça inutilizada, no chão, ao meu lado.
E quem pensar que foi minha culpa, digo não.
Já estava ali, morta, quando cheguei.
Já não tinhas mais energia neste seu corpo, frio e distante.
E quando me aproximei, logo percebi que algo estava errado.
Chegando mais perto, confirmei: havia morrido a bateria do meu carro.


Quebrando o clima de poesia: depois quem morreu fui eu, em 98 paus, pra comprar uma nova. Que beleza.

6.1.05

E se a minha fúria se dissipasse?
Seria eu só mais um entre tantos
que engolem seus destinos com cara de amargo
e simplesmente aceitam tudo que está por vir?

E se meu descontentamento fosse embora?
Seria eu só mais um entre tantos
que gostam de serem vilipendiados
maltratados e tratados com preconceito
por uma sociedade que os odeia?

Quando eu fose tudo isso
eu seria um nada.
Deixaria minha essência Deixaria minha alma. Deixaria de ter a centelha que um dia pode fazer a diferença.
Mas pelo menos seria aceito. Seria considerado bom filho, bom neto, bom familiar, bom amigo, boa pessoa, boa gente, bom cidadão, por uma soceidade de merda que nem sabe para onde está indo. E pior ainda: não quer nem saber. Afinal, hoje em dia é tudo emergencial. Somos o agora e nada mais nos resta. Somos o pó, as fezes, os intestinos e todas as vísceras desse monstro que nos defeca e nos consome.

Mas odeio ser assim, ao mesmo tempo em que gosto. Tudo seria tão fácil, mas nada mais fácil será do que desistir e me deixar vencer. Se todos me odeiam, eu os odeio de volta, e jogo minhas praga e insulto suas mentes e devoro seus cérebros. E quando eles menos perceberem serei eu em seus corpos, vestindo-os feito peles baratas. Possuindo suas carnes e deixando-as apodrecer, para que morram e tudo seja renovado.

Se, por fim, eu nunca for ouvido, sempre for ignorado, nunca for levado em consideração, sempre for criticado, não importa. Pelo menos não terei sido vencido. E terei me unido, ao menos em ideal, aos grandes. Terei sido Dom Quixote, e Sancho Pança, nos fins de semana.
E quando da minha morte, partirei mostrando a bunda e chacoalhando meus culhões para a multidão. Deixe que pensem que já vai tarde um velho babaca, pois eu pensarei: "Adeus, medíocres".

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